Revisado em Chodesh HaShevi'i / 5775
Para entender esta profecia, precisamos primeiramente ter uma noção do que vem ser a doutrina dispensacionalista e a não dispensacionalista.
Dispensacionalista
Não Dispensacionalista
Para melhor compreensão dessa profecia analisaremos de maneira especial os versos 24 e 25 do capítulo 9 do livro de Daniel
Analisando Daniel 9: 24
Daniel 9:24
Se as setenta semanas não se destinavam a rejeição de Israel, mas sim para extinguir a transgressão, dar fim aos pecados, expiar a iniquidade, trazer justiça eterna, selar a visão e a profecia, e ungir o Santo dos santos, porventura estes eventos já se cumpriram ?
Analisando o ritual da páscoa percebemos que no mesmo seria decidido apenas o destino dos primogênitos; somente eles morreriam ou viveriam, dependendo da aceitação ou rejeição da mensagem contida no referido ritual realizado no dia 14 de Abib. Na Páscoa apenas aqueles que não reconhecessem a soberania do Eterno seriam cortados; deixariam de ser.
Sabemos também conforme já estudado no tema "O que realmente aconteceu no Calvário?", que o ritual da páscoa não apontava para o Calvário, ao contrário, tinha um significado totalmente oposto ao mesmo e prefigurava a primeira das duas colheitas contidas nas Festas Fixas estabelecidas pelo Eterno; ou seja:
Colheita dos seres celestiais (anjos).
Colheita dos seres humanos.
Portanto podemos entender o significado da profecia das setenta semanas como se segue:
Sendo o termo sangue utilizado nas Escrituras para simbolizar vida, o próprio ser, o sangue do Cordeiro Pascal sendo aspergido nos umbrais da porta de uma determinada casa , simbolizava não a morte de Jesus em favor do pecador, mas sim o reconhecimento da autoridade do Deus eterno por parte daquele que realizava o ritual ao aceitar aquele a quem Ele ungiu (o Anjo do Concerto - simbolizado pelo sangue do cordeiro pascal) como seu senhor e de toda sua casa.
Expiar a iniquidade, e trazer justiça eterna.
Quando do cumprimento para o tempo prefigurado pela Páscoa, (final das sessenta e duas semanas), satanás e seus anjos se mostraram rebeldes à soberania do Eterno não reconhecendo a autoridade do ungido (simbolizado pelo sangue aspergido nos umbrais da casa) causando com isso uma comoção no Céus ao ponto de dividir a hoste celeste em dois grupos distintos onde a terça parte rebelou-se contra a soberania do Eterno, fazendo com que Este executasse a justiça eterna conforme determinada por Sua Lei. Daniel 7:9-10; 8:13-14.
Uma vez que a lei só requer a vida do culpado, a justiça foi executada ao ser determinado pelo Eterno que satanás e sua hoste fossem exilados em uma região específica (simbolizada pela cidade de refúgio) de onde não teriam acesso sobre as demais regiões celeste, e onde ficariam aguardando o julgamento, quando então seriam apresentados em juízo perante a congregação (Nm 35:24), juízo este descrito em Dn 7:9-10; Ap 12:7-12.
Ezequiel 18:20
Números. 35:12
Números 35:31 e 33
Ungir o Santo dos santos
Após satanás e seus anjos serem exilados, a autoridade do anjo do concerto foi reconhecida perante toda hoste celeste que permaneceu na presença do Eterno.
* Visto como Isaias menciona que o céu é o trono do Eterno e a terra o escabelo de seus pés (Is. 66:1), ao ser satanás e seus anjos exilados na terra (estrado dos pés de Deus), o Ungido foi exaltado diante da hoste celeste, e reconhecido plenamente como seu comandante após o julgamento mencionado em Dn. 7:13-14 e Ap. 5:6-14.
* Caso similar podemos observar na vida de Davi, que embora tivesse sido ungido como rei de Israel pelo profeta Samuel, todo Israel só o reconheceu como seu rei algum tempo após a morte de Saul. I Sm. 16:1-13 e II Sm. 5:1-5.
Analisando Daniel 9: 25
Daniel 9:25
Para compreender esta profecia precisamos entender três textos das Escrituras; o primeiro esta em Esdras1:1-4 onde lemos:
A palavra do Eterno mencionada por Esdras encontra-se em Jeremias 29:10 onde podemos ler:
Através destes dois textos podemos perceber que a frase [desde a proclamação da ordem “palavra” para restaurar e reedificar Jerusalém até que seja ungido um príncipe”] mencionada em Daniel 9:25 se refere a profecia de Jeremias que se encontra em Jeremias 29:10.
O terceiro texto que vamos examinar apresenta o tempo em que a primeira parte da profecia das setenta semanas se cumpriu, ou seja, após sete semanas será ungido um príncipe, e se encontra em Isaias 45:1 onde lemos:
Consideremos os seguintes dados:
Ano 3318 – Nabucodonosor reina em Babilônia
Ano 3319 – Nabucodonosor conquista Jerusalém
Ano 3338 – Nabucodonosor destrói o Templo - pronunciada profecia de Jr 29:10.
Ano 3389 – Dário mata Belsazar e reina em Babilônia
Ano 3390 – Ciro é proclamado rei da Pérsia
Partindo desse mesmo raciocínio, o início do segundo período das setenta semanas, as sessenta e duas semanas, teve seu início no ano 3390. Sendo assim, acrescentando-se 434 anos, período equivalente as sessenta e duas semanas, chegaremos ao ano 3824.
Considerando que hoje nos encontramos no ano 5775 do calendário judaico e o Templo foi destruído no ano 70 EC fato ocorrido a 1944 anos atrás pelo calendário comum, se subtrairmos esse período do calendário judaico chegaremos a 3831, ano em que o Templo foi destruído pelos romanos, completando assim o último período das setenta semanas (ano 3825 ao ano 3831).
Quanto ao objetivo das setenta semanas, “.... trazer a justiça eterna......” temos a considerar os seguintes fatos:
Nas Escrituras podemos observar desde o livro de Gênesis a divisão entre os seres celestiais onde um de seus ungidos (príncipes) passou a questionar a autoridade do Eterno, Sua justiça e misericórdia como podemos verificar em Gn 3:2-5 Jó 1:6-12; 2:1-7; Dn 10:12-13, 20; e outros textos. Mas este fato se torna bem evidente na história de Israel.
O Eterno criou Israel a partir da descendência de Abraão, Isaque e Jacó, deu-lhe Sua lei e estatutos para que seja Sua testemunha diante de todas as nações, ungindo também um de Seus anjos (Ex 23:20-25; Dn 10:13,21) para o conduzir em toda sua jornada.
Contra Israel se levantaram os seres celestiais que questionaram o Eterno não reconhecendo a autoridade por Ele outorgada ao anjo do concerto Gn 3:15; Dn 10:13,20-21; Ex 23:20-21, corrompendo as nações e conduzindo-as contra Israel, (único povo que mantem puro o conhecimento do Deus eterno e d’Ele testificando perante todos os povos), com o intuito de destruí-lo da face da terra.
No ritual da páscoa o cordeiro pascal simbolizava o ungido, o anjo do concerto (Ex 23:20-21; Dn 10:13, 21), e os primogênitos os seres celestiais pois foram criado primeiro, antes que os seres humanos, lembrando também que o sangue nos rituais simbolizava vida, a alma do ofertante.
Sendo assim, colocar o sangue do cordeiro nos umbrais de uma residência e sendo esse sangue símbolo do anjo do concerto e os primogênitos dos seres celestiais, o sangue nos umbrais da porta de uma residência simbolizava os anjos submetendo-se como também a região celeste por ele administrada à autoridade daquele que estava sendo simbolizado pelo cordeiro. Esse ritual apontava para a ocasião (final das sessenta e duas semanas) em que todos os seres celestiais deveriam reconhecer a autoridade do Eterno outorgada ao anjo do concerto, ou então em razão de sua rebeldia serem cortadas (banidos) de Sua presença como profetizado em Dn 9:24, 26 onde esta escrito “acabar com a iniquidade e trazer justiça eterna.
No livro do Apocalipse capítulo 12 encontramos uma profecia mencionando uma guerra nos céus onde a mesma foi decidida pelo sangue do cordeiro, o que nos remonta ao ritual da páscoa onde todos os seres celestiais que, reconhecendo a soberania do Deus eterno acataram a autoridade do anjo do concerto (simbolizado pelo sangue do cordeiro) sobre toda região celeste a eles confiada (simbolizado pelo aspergir o sangue nos umbrais da porta de sua residência), permaneceram em Sua presença, enquanto aqueles que se recusaram foram cortados (banidos) de Sua presença, ocasionando uma divisão da hoste celestial. Caso semelhante aconteceu com Saul por sua rebeldia contra o Eterno.
Sendo que em Dn 9:26 a palavra traduzida por “cortar” no original significa ser banido da presença do Eterno, e esse evento esta relacionado ao final das sessenta e duas semanas, acreditamos o que está escrito em Dn 9:24 se referir a acontecimentos que ocorreriam simultâneamente na terra com o povo de Israel e nos céus com os seres celestiais (anjos) onde em consequência do banimento dos anjos rebeldes cessou a transgressão, foi posto fim aos pecados, a iniquidade foi expiada, feita a justiça eterna ao punir os rebeldes, e a soberania do Eterno aclamada por todos os que permaneceram em Sua presença conforme mencionado em Apocalipse 12:12.
Daniel 9:26 deixa claro que a destruição da cidade e do santuário ocorreria após o ungido ser cortado (banido da presença do Eterno ao final das sessenta e duas semanas – ano 3824), e em Daniel 10:12-13, 20 é apresentado que seres celestiais rebeldes à autoridade do Eterno conduziam os governantes das nações (império medo-persa e grego) de modo a oprimir o povo judeu, o que podemos perceber também em relação ao império romano a quem os anjos rebeldes (aqueles que foram cortados) conduziram para destruir Jerusalém e o santuário, fato este ocorrido no período da última semana de anos (3825 a 3831).
Shalom!
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